Chegou a vez do açaí.
Limão e mamão papaya já são figurinhas conhecidas nos mercados alemães. Até maracujá e goiaba aparecem de vez em quando. A acerola esnobou os mercados e preferiu chegar nas farmácias, camuflada de comprimido e com a fama de “Vitamin C-Wunder”, uma bomba de vitamina C milagrosa. Mas para o açaí, alguém resolveu inventar algo novo. Colocaram o suco da fruta numa elegante lata preta, deram-lhe um nome purista – Schwarze Dose 28 – e rotularam a coisa de bebida energética, ou melhor, energy drink, que é muito mais cool. O resultado é isso aqui embaixo.
O Açaí chegou à Alemanha como a Gisele Bündchen – ninguém percebeu ainda que é produto brasileiro. A embalagem é bem estilo Fashion Week, combina com as roupas descoladas e a decoração fria dos clubes. E a propaganda ainda promete energia suficiente para encarar um dia de 28 horas, ou seja, dá e sobra para sair da balada diretamente para a reunião com a chefia.
Só fico imaginando é que nome a fruta vai acabar levando nas bocas alemãs. Um pequeno teste entre amigos deu 80% para “akaí”. O resto ficou com “akai”, ou “assai” entre os que falam um pouco de francês e já sabiam o que é uma cedilha.
Os produtores do suco devem ter pensado nisso ao escolher um nome exclusivamente alemão. Resta saber se uma frutinha tão simpática e inofensiva como o açaí vai tirar de letra seu novo papel de vampe na noite alemã.
Vou deixar aqui um comentário mandado por e-mail por um amigo que está na Inglaterra, ele me autorizou a publicar:
“Quanto ao “açaí”, aqui lançaram com ç e acento e tudo, mas nunca ouvi ninguém pronunciar. Muito provavelmente vão dizer “akai” também, porque os inglês em geral são absolutamente incpazes de pronunciar ou ou mesmo decrifrar algo escrito em qualquer língua estrangeira. Aqui também o produto é ligado a energia, saúde, e parece que o público alvo é quem gosta de malahr na academia. Uma vez li um artigo da Veja sobre o lançamento do açaí na Europa. Quem lançou o açai aqui foram grupos europeus, ou seja, os brasileiros perderam essa chance de serem os donos da idéia. Os kiwis (neozelandeses) tiveram sucesso absoluto em lançar no mundo uma fruta com o nome deles que na verdade é chinesa. E os brasileiros falharam na hora de lançar um produto genuinamente brasileiro…”